Edições anteriores
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Revista "EJA em Debate": EJA e territorialidade
v. 12 n. 22 (2023)O educador da EJA não pode ignorar o contexto histórico, social e cultural em que vive, muito menos as mazelas resultantes de um passado exploratório. Tal como os povos tradicionais sofrem um processo de marginalização e disputa constante por seus territórios, o campo da EJA também vivencia constantemente esses tensionamentos na busca por um lugar na sociedade e, de preferência, um lugar de maior destaque e respeito.
Grosso modo, todo educador da EJA que milita por tal modalidade de educação já passou por momentos de “disputas territoriais”, ora no âmbito abstrato, na busca por momentos de fala e valorização, ora no âmbito físico mesmo, no sentido de a sociedade (e a escola) não propiciar(em) espaços físicos para a educação de jovens e adultos. Como exemplo disso, podemos citar os constantes fechamentos de cursos da EJA no Brasil, para darem espaço a outras modalidades ou a projetos mais “prestigiados”, muitas vezes com o argumento da “alta evasão escolar na EJA”, explicitando (de modo escancarado) a desvalorização da EJA no Brasil.
E o que acontece quando algo é desvalorizado e marginalizado? Perde-se território e, junto com ele, enfraquece-se a territorialidade, muitas vezes alcançada a duras penas. Com base nessa realidade, é que podemos asseverar que o educador da EJA é constantemente um lutador por territórios, sejam eles físicos, culturais, identitários e outros. Trabalhar na EJA significa estar sempre pronto para a rebeldia contra um sistema hegemônico, ou, como já mencionado por Paulo Freire, uma “rebelião contra a invasão” de nossos territórios. Há uma constante imprescindibilidade de demarcar nossos espaços.
Por conta disso, a capa desta edição conversa com os pontos aqui elencados neste editorial ao exibir a imagem de uma cerca formada por veias e sangue, uma metáfora que busca bem representar a luta sangrenta dos povos tradicionais pela manutenção (e recuperação) de seus territórios, assim como a luta constante dos educadores-militantes da EJA em prol de nossos espaços. Não obstante essa imagem possa causar incômodo ao leitor, ela se faz estritamente necessária na representação das lutas que se impõem aos invadidos em seus territórios.
Assim, o anseio de nossa equipe editorial é de que os leitores desta edição reflitam sobre a territorialidade nos espaços da EJA, indagando-se sobre quais lugares nos são destinados e quais ainda nos são inviabilizados, a fim de que tal realidade nos impulsione para uma práxis transformadora e emancipatória (cf. Vásquez, 2011; Ramos, 2013; 2014, Saviani, 2005) tão necessária em nosso contexto histórico.
Uma ótima leitura a todos!
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10 anos da revista "EJA em Debate"
v. 11 n. 20 (2022)Esta edição de número 20, relativa ao segundo semestre de 2022, é bastante especial para nós da revista “EJA em Debate”, porque completamos 10 anos de publicações, uma trajetória repleta de trabalho e algumas conquistas. A nossa imagem de capa (uma mão segurando o resultado de uma colheita de arroz) foi escolhida por nossa equipe como uma metáfora do tempo de colheita que nosso periódico está vivendo, momento sobre o qual falaremos mais detalhadamente neste editorial.
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Trabalhadores (na EJA) do Brasil
v. 11 n. 19 (2022)Trabalhadores (na EJA) do Brasil: desafios de quem aprende (e ensina) enquanto trabalha
Caros leitores,
É com muita satisfação que a edição de número 19, do primeiro semestre de 2022, está sendo lançada. Fazemos, em tal edição, uma homenagem a nossos alunos de EJA, trabalhadores que aprendem (e nos ensinam) enquanto trabalham.
Com esta finalidade de homenagem aos trabalhadores brasileiros na EJA, comemorando o dia 1º de maio, dia dos trabalhadores em nosso país, e também em deferência (e reverência) aos 100 anos da Semana de Arte Moderna em 1922, nossa edição 19 aborda, em sua capa, uma releitura da obra de arte “Operários” (1933), de Tarsila do Amaral.
Procuramos relacionar tal obra ao contexto histórico-social de nossos alunos de EJA no Brasil, isto é, no quadro da pintora modernista, mostram-se as várias faces dos trabalhadores do Brasil na década de 1930. Mas como seriam as faces dos trabalhadores-educandos brasileiros em 2022? Este é o primeiro número da revista em que pudemos respirar com menos medo (em sentido literal), por conta da vacinação contra a COVID-19. Assim, as máscaras puderam ser retiradas (também no sentido estrito) e pudemos ver integralmente as faces dos nossos educandos de EJA em sala de aula.
Observamos (com o lugar de fala de educação atuante na EJA) que esses educandos apresentam diversas facetas, contudo, não obstante sua multiplicidade de etnias, idades, identidades e histórias, apresentam como ponto em comum a característica (com raras exceções) de serem trabalhadores. Assim, o educador que trabalha com EJA não pode agir de modo descolado a esta realidade de seus educandos-trabalhadores, pensando estratégias de ensino que mais se adequem a esse contexto.
Esses sujeitos que nos são destinados na EJA, além de serem aprendizes, são também “ensinantes”, ao nos apresentarem conhecimentos a cada dia de aula, conhecimentos empíricos, construídos na luta de seu trabalho diário. São empregadas domésticas, pedreiros, eletricistas, agricultores e tantas outras profissões que exercem nossos estudantes de EJA e nos possibilitam traçar diálogos frutuosos, de intenso e imenso aprendizado multilateral em sala de aula.
Mas é exatamente essa particularidade do trabalho que os faz tão profícuos em nos ensinar que também os impossibilita de se dedicar integralmente aos estudos. Nesse contexto, o educador de EJA se encontra sempre numa posição delicada, em que luta para que seus estudantes tenham direito pleno à educação e construam o máximo possível de conhecimentos, mas também precisa ser empático com a realidade de trabalho, muitas vezes até extenuante, na qual tais educandos estão inseridos.
E é justamente neste aspecto que nós, educadores de EJA, continuamente nos questionamos: como proporcionar uma educação de qualidade, que é direito de todos, e que possibilite – aos educandos-trabalhadores – caminhos de ascensão social, ao mesmo tempo em que se respeita a condição de cansaço da classe trabalhadora e se compreende a limitação de tempo para estudos fora do ambiente escolar?
Esta problemática tem constantemente angustiado educadores de EJA comprometidos com uma educação emancipatória como direito, e esperamos que os textos que constituem esta edição da revista possam trazer alguns horizontes, ou, talvez, ainda mais indagações e inconformação àqueles que se dedicam ao desafio da dodiscência (FREIRE, 1996) voltada ao público de jovens e adultos.
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Homenagem ao centenário de Paulo Freire
v. 10 n. 18 (2021)Julho a dezembro de 2021.
Esta edição de número 18, respectiva ao segundo semestre de 2021, traz em sua capa a imagem do educador que transformou a Educação de Jovens e Adultos no Brasil, marcando nossa história de maneira tão significativa que, ao se falar de EJA, é impreterível se falar de Paulo Freire. Como já destacara Dantas Júnior (2021), Freire, nos tempos atuais, é “mais do que nunca, incontornável e imprescindível”.
A proposta da nossa revista está voltada à EJA, em suas múltiplas dimensões, de modo que, neste segundo semestre de 2021, não poderíamos deixar de homenagear o centenário de nascimento de Paulo Freire, que se deu em 19 de setembro de 2021. São 100 anos do nascimento do educador que se tornou um divisor de águas nessa modalidade de ensino no Brasil (assim como se constitui referência internacional na área de educação).
Este já é o terceiro número da revista marcado pela pandemia da COVID-19, mas é a primeira edição na qual temos frutos de pesquisas respectivas ao período de pandemia, momento que foi classificado por alguns autores como um “tempo de crise”, expressão à qual aderimos (inclusive no título deste editorial), porque concordamos com tal definição. Enfim, esta edição da “EJA em Debate” está composta por textos que temos o prazer de apresentar.
Desejamos a vocês, leitores-dodiscentes, profundas reflexões e a convicção de que a transformação é possível!
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Revista "EJA em Debate"
v. 10 n. 17 (2021)Revista EJA em Debate
Ano 10, edição nº 17 – jan-jun. 2021
Esta edição de número 17, respectiva ao primeiro semestre de 2021, está sendo lançada em um momento de transição no contexto pandêmico em que estamos inseridos, uma vez que – finalmente, após inúmeros percalços – tivemos um avanço considerável na vacinação no Brasil, alcançando, inclusive, os sujeitos mais jovens, com a primeira e a segunda dose da vacina.
Os textos da revista contemplam as seções de formação de professores, políticas públicas e teorias e práticas pedagógicas.
Seção de “Formação de professores”
Projetos formativos em educação escolar de jovens e adultos: as pesquisas sobre ensino de biologia da área de avaliação educação da CAPES (1997-2019)
Júlia Beatriz Mendes de Assunção
Lucas Martins de Avelar
Rones de Deus Paranhos
Juvenilização da EJA: possibilidades e desafios na escolarização
Kerén Talita Silva Miron
Chris Royes Schardosim
Seção de “Políticas Públicas”
Educação de jovens e adultos: disputas e conflitos na construção de um direito social na cidade de belo horizonte
Clifton Arllen Gomes Fernandes
Francisco André Silva Martins Martins
“Escola, educação básica e analfabetismo estrutural no brasil: a negação da escola aos trabalhadores”
José Ronaldo Silva dos Santos
Tenório Batista Lima Sobrinho
“A EJA na Amazônia brasileira: a produção intelectual na ANPED/norte”
Adriana Francisca de Medeiros
Silvane dos Santos Pereira
Seção de “Teoria e práticas pedagógicas”
“O estudo de grandezas e medidas num livro didático da EJA: reflexões acerca das práticas de numeramento”
Carlesom dos Santos Piano
Narciso Das Neves Soares
“Análise do ambiente e desenvolvimento do ensino e aprendizagem: perspectiva e resiliência às mudanças climáticas na educação de jovens e adultos (EJA)”
Adriano Ineia
Priscila de Campos Velho
Thais Emilia Reder
Rodrigo Spinelli