DESENVOLVIMENTO E CONTROLE DE FUNGO PÓS-COLHEITA EM BERGAMOTA PONKAN SOB DIVERSOS TRATAMENTOS
Palavras-chave:
Citrus reticulata Blanco, armazenamento, controle de fungos, desidrataçãoResumo
INTRODUÇÃO
A Tangerina Citrus reticulata Blanco também conhecida por bergamota Ponkan tem participação de 9,2% da produção do Litoral Sul Catarinense com produção de 578 toneladas. A variedade Ponkan é uma das mais produzidas no Brasil e muito apreciada pelo consumidor, tendo em vista sua alta aceitação e valor comercial. Pela necessidade de se disponibilizar frutos de boa qualidade, as praticas de pós colheita são determinantes na manutenção do fruto armazenado. A presença de fungos acarreta em alterações das características fundamentais ao fruto como aspecto, cor, sabor e vida útil para a comercialização. Torna-se então fundamental o controle e identificação destes agentes, para que se possam desenvolver métodos de armazenamento a fim de garantir a qualidade do fruto durante a pós-colheita. Este trabalho tem como objetivo estabelecer um método de controle eficiente dos fungos que ocorrem na pós-colheita de Bergamota Ponkan.
METODOLOGIA
O experimento foi realizado no IFC campus Sombrio, durante a safra 2013 com bergamota ponkan. Os frutos foram colhidos no próprio campus, em plantas que não receberam qualquer tipo de tratamento prévio, incluindo químico e as análises foram realizadas no laboratório de pós-colheita. Cento e oitenta frutos foram selecionados e lavados com água corrente e sabão, para que se evitasse erro de avaliação visual da presença ou não de fungos. Estes foram organizados em nove bandejas com respectivamente vinte unidades cada. Sequencialmente foi aplicado um tratamento diferente por bandeja: i. Frio+Fungicida; ii. Frio+Cloro; iii. Frio testemunha; iv. Calor+Fungicida; v. Calor+Cloro; vi. Calor testemunha; vii. Temperatura ambiente+Fungicida, viii. Temperatura ambiente+Cloro, ix. Temperatura ambiente testemunha. Os tratamentos em que utilizou-se cloro, foram imersos por 30 segundos em uma solução contendo 0,5% de clorox. Os frutos armazenados em estufa ficaram a uma temperatura de 23ºC, já os correspondentes aos tratamentos Frio ficaram a uma temperatura (80C±10C), o fungicida utilizado foi Dithane de ingrediente ativo mancozeb com concentração de 2,5g/L, a aplicação foi realizada através de pulverização dos frutos na bandeja. Os frutos foram observados durante um período de dezessete dias, realizando-se quatro avaliações, incluindo pesagens.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se o aumento da desidratação ao longo do período de armazenagem em todos os tratamentos (Tabela 1).
Tabela 1- Comparação de desidratação entre os tratamentos na pós colheita de Bergamota Ponkan.
Tratamentos
Média
Temperatura ambiente testemunha
8,05 a
Temperatura ambiente+Fungicida
6,88 a
Temperatura ambiente+cloro
7,25 a
Frio Testemunha
6,61 ab
Frio+Fungicida
5,90 ab
Frio+Cloro
4,47 bc
Calor testemunha
7,96 a
Calor+Fungicida
2,89 cd
Calor+Cloro
2,41 d
Médias seguidas da mesma letra (coluna) não diferem significativamente ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Todos os tratamentos em temperatura ambiente, bem como a testemunha em frio, o tratamento com fungicida em frio e a testemunha no calor, apresentaram os maiores níveis de desidratação dos frutos. Pode-se notar que houve a formação de quatro grupos distintos, com diferença significativa a 1%, com o melhor resultado (menor desidratação) quando os frutos foram mantidos no calor tanto quando tratados com cloro quanto com fungicida. Embora seja esperado que ocorra desidratação no calor, sabe-se que o frio também provoca perda de água pela epiderme, tornando a casca enrugada e murcha, o que deprecia seu valor comercial. Desta forma, embora seja esperado melhor controle de fungos na pós-colheita, quando o fruto é armazenado em frio, deve-se observar que a desidratação foi acentuada e não significativamente diferente daqueles mantidos em temperatura ambiente.
A determinação da incidência de fungos foi efetuada através da análise visual do percentual de frutos infectados em cada tratamento (Tabela 2). Independentemente do tratamento, quando presentes, os patógenos foram identificados em todos eles como Penicilium e Rhizopus.
Tabela 2- Índice de incidência de fungos nos tratamentos pós colheita de bergamota Ponkan.
Tratamentos
%
Temperatura ambiente testemunha
25
Temperatura ambiente+Fungicida
60
Temperatura ambiente+cloro
55
Frio Testemunha
0
Frio+Fungicida
0
Frio+Cloro
0
Calor testemunha
60
Calor+Fungicida
50
Calor+Cloro
25
Considerando-se a incidência de fungos, o resultado obtido com o fungicida foi muito diferente do esperado. O produto utilizado nos tratamentos foi o mesmo que está registrado para uso comercial (Mancozeb) na pós-colheita, com o objetivo de comparação da eficiência dos chamados tratamentos “alternativos”. Este trabalho será repetido outras duas vezes, para confirmação (ou não) deste resultado.
Embora os tratamentos em frio tenham apresentado valores altos em relação à desidratação dos frutos (Tabela 1), este foi o melhor no controle de fungos, para todas as combinações (fungicida, cloro e mesmo testemunha). Este resultado já era esperado, uma vez que a temperatura reduzida constitui-se em condição adversa para a maioria dos fungos. Somado a isto, a desidratação sofrida pela epiderme dos frutos, também ocorre para as estruturas fúngicas que se encontram na superfície da casca, incluindo micélio e, principalmente as estruturas reprodutivas.
CONCLUSÃO
Os frutos que receberam tratamentos em frio apresentaram grande desidratação, mas sem incidência fúngica, mostrando-se mais efetivos no controle de doenças pós-colheita. Ao contrário, os tratamentos em condição de calor, apresentaram frutos menos desidratados, mas com alta incidência microbiana. O tratamento ideal a ser encontrado deve reunir as qualidades de ambos, menor desidratação de fruto, com o controle eficiente dos fungos na pós-colheita.
AGRADECIMENTOS
Ao Campus Sombrio do Instituto Federal Catarinense pelo financiamento de bolsa de iniciação científica de graduação no Edital no 022/2012/IFC Campus Sombrio.
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