Propriedades Antimicrobianas do Extrato de Geoprópolis de Abelhas Sem Ferrão Mandaçaia "Melipona quadrifasciata" e Mirim-Guaçu "Plebeia remota"
Palavras-chave:
Microbiologia; Abelhas sem ferrão; Geoprópolis; Mandaçaia; Mirim-Guaçu.Resumo
O gênero Melipona abrange diversas espécies de abelhas brasileiras sem ferrão (ASF), polinizadoras essenciais para o equilíbrio ecológico e de reconhecida importância econômica, sobretudo na produção de mel, cera, pólen, própolis e geoprópolis. O interesse científico e comercial por produtos de abelhas nativas tem crescido, impulsionado pelas propriedades terapêuticas e antimicrobianas dessas substâncias naturais. A geoprópolis, resultante da mistura de resinas vegetais, secreções salivares e partículas de solo, apresenta composição química complexa e potencial bioativo variável conforme a espécie produtora e a flora local. Este trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades antimicrobianas da geoprópolis produzida pelas abelhas Mirim-Guaçu (Plebeia remota) e Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), oriundas de criação do LABEA - Câmpus Gaspar, frente a bactérias ambientais e fungos anemófilos. As amostras de bactérias foram obtidas a partir de coletas ambientais realizadas com swab estéril em diferentes superfícies. A avaliação antibacteriana foi conduzida pelo método de difusão em poços no ágar, utilizando geoprópolis em concentrações de 12,5 a 100 mg/mL, diluída em álcool etílico 70o GL. Foram preparados controles positivo (azitromicina, 30 mm de halo) e negativo (álcool). O extrato da Mandaçaia apresentou halos de inibição progressivos conforme a concentração: 14 mm (12,5 mg/mL), 15 mm (25 mg/mL), 20 mm (50 mg/mL) e 20 mm (100 mg/mL), indicando atividade antibacteriana moderada e dependente da dose. Em contraste, a geoprópolis da Plebeia remota não apresentou halo de inibição, sugerindo ausência de efeito antibacteriano detectável frente aos isolados ambientais nas condições testadas. Para análise antifúngica, foi utilizado fungos anemófilos obtidos por exposição de placas abertas com meio PDA (Potato Dextrose Agar) durante cinco minutos, possibilitando a deposição natural de esporos do ar. O controle positivo, contendo Fentizol, apresentou ausência total de crescimento fúngico, enquanto o controle negativo, com solvente, exibiu crescimento abundante, com colônias incontáveis. O extrato de geoprópolis da Mandaçaia resultou na formação de aproximadamente seis colônias, demonstrando atividade antifúngica moderada. Já o extrato de Plebeia remota mostrou crescimento fúngico intenso, indicando baixa ou nula ação inibitória frente aos fungos anemófilos avaliados. Os resultados sugerem que a geoprópolis da Mandaçaia possui compostos com propriedades antimicrobianas mais expressivas, tanto contra bactérias ambientais quanto contra fungos anemófilos, quando comparada à geoprópolis da Plebeia remota. Tais achados reforçam o potencial da geoprópolis de abelhas sem ferrão como fonte de substâncias bioativas e justificam investigações futuras sobre sua composição química e mecanismos de ação antimicrobiana.